18 junho, 2005

À espera.

Ordeiramente à espera
de nada, no casebre.
Bem comportados,
pobres mas honrados
à espera, no casebre.
Assim gostariam que fosse,
sem alardes,
os cobardes,
fechados
em condomínios privados,
sempre e ordeiramente
à espera de tudo.

O cúmulo do masoquismo.

Abrir uma bomba-de-gasolina em Elvas.

Uma crise nunca vem só.



Jean-Claude Juncker: "A Europa está numa crise profunda".Eis uma boa notícia para os Portugueses que adoram procurar consolo na desgraça alheia: assim não estamos sós. Podemos carpir a crise em plena comunhão europeia, olhando as estrelas à espera de Godot. Todos os eurocratas são unânimes na necessidade de parar para reflectir. Portugal pode desde já adoptar a postura da estátua de Rodin. Assim parado e empedrenido, enquanto os musgos da política e os líquenes da informação tomam conta do Pensador, pode ficar eternamente à espera de ganhar vida própria e olhando a merda que o cobre, lavar-se e ir-se embora.

17 junho, 2005

Resumo semanal.

Pronto. Juntando-se à lista dos últimos funerais, sepultou-se o Tratado mas com exumação anunciada. O País concentra-se agora no montante de esmolas a receber, pois é a única coisa que podemos esperar da UE . Só por isso vale a pena dizer que sim a tudo e assinar de cruz qualquer coisa. Depois, logo se verá. Entretanto Portugal prepara-se afanosamente para ir a banhos.

12 junho, 2005

Sinais dos tempos.

Sócrates reafirma necessidade de Portugal referendar o Tratado Europeu. - noticia o Público.

Havia tempo em que até os mortos votavam. Agora pretende-se referendar um defunto.

Quadra popular em noite de S.António.

Lá vai a marcha da Cova da Moura
A malta pasma ao ver os artistas:
Faca na liga, na mão a vassoura
Limpando a praia, depois os banhistas.