21 janeiro, 2006

Reflexão.


Depois de uma prolongada e metódica reflexão, decidi votar no Cavaco.
A coisa ficaria por aqui, não fosse a necessidade quase fisiológica de justificar a opção, à primeira vista absurda, para quem como eu antipatiza profundamente com o personagem e sobretudo com aquilo e aqueles que representa.
Mas essa antipatia intestina, toldava-me a razão. A emotividade sobrepunha-se à lucidez. Decidi raciocinar friamente e analisar cada personagem envolvida no processo. De uma coisa estava certo: a escolha final iria recair no candidato que melhor pudesse representar este povo, que personificasse enfim, uma Nação hodierna - nada de passado pois que o presente interessa e é com ele que se constrói o futuro!

Pensei primeiro em Alegre, poeta, varonil, voz troante, com a sensibilidade dos poetas, a fazer lembrar Camões, a persistência tenaz de quem salva uns Lusíadas a nado, apto a enfrentar tempestades - E não somos nós afinal um país de poetas? - Quem, melhor que ele transmitiria a imagem altiva e o lirismo de todo um povo?
Depressa desisti: os verdadeiros poetas não chafurdam nesta política, a altivez da ditadura e o lirismo da revolução dos cravos bem sabia no que tinham dado: em merda! Depois o bom povo caga na poesia: lê(?) ávidamente O Crime e o 24 Horas, quanto muito canta umas quadras populares ao som dos guinchos de uma minhota histérica.

Meditei em Soares, erudito, humanista, sagaz com a experiência exacerbada pela idade, contactos e amizades grangeadas por esse mundo fora, úteis em situações de aperto.
Segunda desistência: anos e anos de ministro, 1º ministro, presidente e conselheiro para chegar onde nos encontramos: na merda e ainda por cima em risco de nos presentear com um funeral de estado, antes do termo de mandato. Mais uma vez o pagode despreza a cultura e do humanismo tem uma vaga ideia que deve pertencer a um grupo musical que canta umas coisas do Variações.

Reflecti em Louçã, jovem perspicaz, bem falante, batendo aos pontos qualquer um, em argumentação, apontando, denunciando, expondo os pontos fracos que necessitam conserto, sempre pronto a defender os mais fracos...Mas aquela pose jesuítica de quem dá lições do alto de cátedra cairia bem numa qualquer reunião internacional de Chefes-de-Estado? Sim, porque nestas situações nem oito nem oitenta: o tipo começava com atitudes paternalístico/didácticas para um Blair, Chirac, Köhler ou o próprio Bento XVI e a coisa não acabava bem. Muito menos o povo desta terra se espelha em intelectualoides defensores de direitos de paneleiragem e fufas, fumadores de ganzas e esquerdalha biscuit. Desisti.

Agora o Jerónimo, homem do povo, trabalhador de quatro costados, cultura política arrancada a braços, à força de martelo e bigorna, perito em resistir e a levar muito a sério quem o apoia...E a Europa? Os eurozitos que por lá são impressos e recontados antes de virem para cá? O Jerónimo a estrebuchar e a teta da vaca a minguar. Aqui d´el Rei que a rolha da Europa está a saltar e lá se esvai a garrafa!... O Zé Povinho joga sempre pelo seguro, é um medroso merdoso.

Passo á frente. Garcia Pereira. Passo à frente.

Finalmente o Cavaco! Esta agora!... (e não há mais nenhum?)
Ok, Cavaco. Seco como a seca, rectangularmente estreito como o País, firme e hirto como uma barra de ferro, interlocutor taco a taco com qualquer Bush! E depois é o homem das economias, trata os números por tu que é a coisa que mais interessa o pagode
quando acode em lufa-lufa às apostas no euromilhões, consulta os shares de novela ou pensa se a vizinha do lado ainda tem os 3. Números! Ciência exacta e muitas certezas. Nada de filosofias e humanismos, porque o dinheiro não se compadece com essas balelas. E cultura não enche barriga, muito menos algibeira!
Agora já não penso em mim. Numa atitude altruísta e democrática penso em todos, nessa mole anónima que povoa a minha terra de norte a sul, mais a oeste que a leste, ajundando com o peso da imbecilidade a afundar o país. Eu olho para o Cavaco e vejo nele o meu povo - a pinderiquice, a couve-galega desmesurada à porta da casa, lojas de bric-a-brac impossíveis, à beira da Nacional 1 ou na estrada para Sesimbra, as maisons, o betão e o PSI20, os chicos-espertos de todos os quadrantes, o fatinho e gravata obrigatórios
pelos empresários da vivenda e do jeep, as feiras emporcalhadas de sacos de plástico e urina dos putos, a estridência dos foguetes no mês de Agosto e os incêndios, os senhores doutores de aviário e os presidentes de junta, as moscas que gravitam à volta do poder, os boys, girls e filhos da puta, o escarro no chão, o garrafão de 5 litros , os litros de cerveja e a feijoada na praia, os clubes de futebol, os programas da manhã da tarde e da noite das TV´s, o arroto alarve, o foder a torto e a direito, as rodovias e os acidentes, o 13 de Maio o 24 Horas e a Maria. A Maria simplesmente! (Bom nome para uma primeira dama tuga!)
Tudo se conjuga, tudo se encaixa! O Cavaco não é só o espelho do país: ele é um conjunto de dois espelhos para que a imagem seja real e não inversa, verdadeira e límpida Ele é o povo. Quem melhor do que o povo para se representar a si próprio?
O homem está escolhido. Abdico de mim!

20 janeiro, 2006

Não se paga! Não se paga!

Volta e meia, com problemas de insolvência, lá ando a protelar pagamentos à espera de melhores dias: que me paguem. Telefonemas para cá, telefonemas para lá, aguente aí a coisa...o IVA, o IRS, o seguro... Não vou deixar de comer pôrra! Sem comida não há trabalho e sem trabalho... Enquanto a coisa não se resolve ando aflito, preocupado e cabisbaixo, sem poder encarar o meu credor, enfim uma vergonha, desconhecendo que afinal de contas o problema não é só meu ...o problema ... é do Governo, do Estado e da Justiça. Porque se chegarmos ao fim do mês e não tivermos dinheiro para pagar não pagamos. E pronto! O problema do déficit fica resolvido. Com esta certeza peremptória e irmanado em comunhão de dívidas, fico muito mais descansado.

19 janeiro, 2006

Nortada.

Bai o Bento
Botar o boto.
Leba o bento
O boto do Bento.
Bai o Bento
Atráz do boto
Que vai c´o bento.
Caralhos fodam o bento,
Perdeu-se o boto
Do Bento!

18 janeiro, 2006

Pensamento político- escatológico.

Mesmo sabendo o que lá vai dentro, prefiro estes cús a estas caras.

16 janeiro, 2006

Uma pérola da Madeira.


Sem comentários.

O caminho do susexo.


O cinema nacional vai de vento em pôpa. Tá visto. O pessoal adora ver clérigos a fornicar. E políticos a levar na peidola, não? Talvez haja outro recorde.