19 fevereiro, 2005

Merda p´ra todos!

Alea jacta est! Eis-nos chegados ao período transcendental de meditação, antes da votação domingueira. Não ficaria bem com a minha consciência se não escrevesse umas merdas sobre o futuro próximo que se avizinha.
Têm-me acusado de utilizar linguagem menos própria e sobretudo ser um pessimista execrável. Quanto à primeira, direi que as palavras foram feitas para serem ditas / escritas quando necessárias e neste momento, a palavra merda é, por excelência, o que melhor define o estado da Nação. Quanto ao pessimismo, chamar-lhe-ia antes realismo, pois só um tolo pode ver um futuro brilhante no estado actual das coisas.( O optimista, segundo Voltaire, era aquele que teimava em dizer que tudo estava bem quando, na realidade, tudo se desmoronava à sua volta.)
E para não pensarem que falo à toa, aqui fica um link para o excelente artigo de Medina Carreira. Aconselho vivamente a sua leitura, antes de meterem o voto na urna. Pelo menos ficam avisados do que os espera, antes de optarem pela merda ou pela merda.
Como se diz na gíria, e porque ocupamos a geral deste grande teatro pejado de pulgas : Merda p´ra todos!

É Notícia.

Este blog foi reconhecido como membro efectivo do movimento CUBEMBOM. Nesta altura do campeonato, haja iniciativas que nos levantem o moral ( e não só, já que neste lupanar à beira-mar plantado, as alternadeiras de serviço são só duas e sempre as mesmas, de há 30 anos a esta parte).

18 fevereiro, 2005

Nostalgia.

A propósito das salas de projecção digital -“Pessoalmente prefiro que os meus filmes sejam exibidos em película”, diz o realizador João Mário Grilo.
A nostalgia do celulóide ou o reaccionarismo tecnológico Mais um, preocupado com a forma...

E vão 4.

Lili Caneças e Sá Leão andam em pé de guerra.
O Santana e o Sócrates também.

17 fevereiro, 2005

Sorte macaca.

A Providencial sorte dos nossos governantes é, na realidade, viverem num País de brandos costumes, ou seja, governarem um Povo amorfo, que não aprendeu a exigir nada e não responsabiliza ninguém pelos constantes atropelos à sua própria dignidade, votando sempre contra e nunca a favor, pois é somente nas eleições que manifesta o seu descontentamento.

Análises...

No suplemento da revista Visão de 10 de Fev., António Barreto faz uma breve análise económica e sociológica do Portugal antes e depois do 25 de Abril, para chegar à conclusão que, em 30 anos " de melhoramento constante do seu conforto (...) a quase totalidade [das pessoas] tem hoje água, electricidade, aquecimento, fogão e cozinha, esgoto e quartos de banho, sem falar nos equipamentos de consumo, o telefone, televisão e outros."
Realmente .... Foram precisos trinta anos para se deixar de ir à fonte, abandonar o candeeiro a petróleo e o carvão, cagar no penico e ter mais do que um rádio a pilhas. Sim senhor, é obra! A todos os que nos proporcionaram tais luxos o meu mais profundo reconhecimento. - E quantos séculos serão necessários para tornar este País decente?

Raramente tenho dúvidas.

Não tenho dúvidas que depois dos apelos do Dr.Portas, a classe merdia votará nele.

Parecer clínico.

Há precisamente 365 anos, deu entrada nos serviços de urgência o sr. Portugal, apresentando sintomas de desnutrição e confusão mental. Prontamente assistido entrou em coma profundo e não mostrando sinais evidentes de recuperação, foi transferido para a UCI onde actualmente se encontra. Ao longo de todos estes anos o seu quadro clínico tem oscilado do grave ao menos grave, sem contudo assinalar uma melhoria significativa que permita a sua transferência desta unidade , mantendo assim uma situação insustentável, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista ético.
É nosso parecer que para não prolongar mais o sofrimento do paciente e dos seus familiares, se retire o sistema de suporte de vida que o mantém no estado vegetativo, a partir do dia 20 de Fevereiro. Qualquer tentativa para administrar Maioria Absoluta, para alem de infrutífera será profundamente dolorosa. Contudo, antes do desenlaçe fatal, serão recolhidas células para posterior clonagem, quando esta técnica se mostrar eficiente e se poder corrigir, do ponto de vista genético, as causas que levaram o sr. Portugal ao estado clínico em que se encontra.

15 fevereiro, 2005

O último debate.

Aparte a merda da afonia, adorei ouvir o Jerónimo de Sousa. Um pouco lacónico, mas esteve bem, sim senhor.

Direitos de Antena.

O Partido Humanista fala-nos sempre do fundo do poço. Outros metem-nos dentro dele. Ainda mais no fundo.

SS.ma Trindade das TV´s.

Bafio a sacristia, misturado com incenso e velas. Uma aura de santidade oca desprende-se do écran. Ladainhas escorrem dos altifalantes da TV, apenas interrompidas pela estridência publicitária . Unidas na santíssima trindade da badalhoquice RTP, SIC e TVI, sem nada mais para mostrar, a tarde inteira, o dia todo. Mais papistas que o Papa. O medo de ser apontado a dedo pelos avós. Mais pecadoras que Maria Madalena. Abençoadas sejam porque fracas de espírito. Uma vez mais : Fátima ( futebol e fado). Revisitar o passado, se é que de lá alguma vez saímos. Os sinais do que de mais profundo nos tolhe o querer. Esta nossa maneira de ser e estar, resignada e triste, católica, apostólica, romana, amorfa em tudo e orfã de inteligencia. Haja decência e vergonha. Vivesse eu mil anos e rir-me-ia de vós. Assim, tenho pena. A sério.

14 fevereiro, 2005

O silêncio de 2,5 é ouro.

A morte da Irmã Lúcia teve o condão de calar dois e meio, por algum tempo, em plena campanha. Para uns será milagre... Para mim é um alívio.

Suspensão 2.

PSD e CDS-PP suspendem campanha após anúncio da morte da irmã Lúcia.

Depois de Sampaio só mesmo a Irmã Lúcia consegue parar estes dois...
Actualização (tardia).
O PS tambem fez a sua suspensãozinha. Tadinho.

13 fevereiro, 2005

Momento de Culinária.

Este blog pretende ser eclético e como tal abarcar os mais diversos assuntos. Com a azáfama da campanha eleitoral tenho esquecido outros temas que me são gratos, um dos quais a culinária. Antes que algum arroto de candidato saia do altifalante da TV e me faça resvalar para a política, vou postar uma receita da melhor cozinha francesa, apesar de ser dispendiosa e um pouco indigesta.

Cinéaste Portugais au Icam.

Ingredientes: 1 merdas colhido de classe média ou superior
2 pais dispostos a aparar golpes
1 molho de locais in
pancadinhas nas costas q.b.
1 subsídio do ICAM.

Preparação: Põe-se o merdas a estudar em lume brando durante 12 anos com fermento de idas ao
cinema e leituras aleatórias de críticas e ensaios cinematográficos. Quando começar a inchar, introduz-se o merdas numa escola de cinema onde fica a apurar até ficar com canudo.
Junta-se ao canudo, cuidadosamente, o molho de locais in e as pancadinhas nas costas.
Por fim introduz-se o subsídio do ICAM.
(Durante todo o processo os pais devem aparar sempre os golpes).

Sirva-se em festivais de cinema, enfeitado com críticas elogiosas.

A Terra-do-Nunca.

Analisando todo um percurso de cinco décadas, o quintal de Salazar, volvidos trinta anos, transformou-se num imenso jardim-de-infância no qual as crianças teimam em não crescer. Uma verdadeira Terra-do-Nunca (será o início do 5ºImpério?). O que só acontece na ficção aqui torna-se realidade. País propício à construção de parques temáticos, ideia tão grata a Nuno Fernandes Thomaz.

Uma entrevista

Uma entrevista (a propósito dos complementos de reforma para os ex-combatentes da guerra do ultramar).

Visão: Ainda sonha com a guerra [Angola]?
ALA: Às vezes tenho um pesadelo tremendo. Sonho queestão a chamar-me para voltar para África. Tento explicar que já fui,argumentam que tenho que ir. E o sonho acaba aqui. Nunca sonhei com tiros ou morteiradas. No meio daquilo tudo havia muito humor. Havia um homem, o Bichezas, que cuidava do morteiro que estava ao pé da messe. Tínhamos mais medo dele do que do MPLA porque o Bichezas disparava com o morteiro na vertical. Aquilo subia... e toda a gente fugia. Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas.


Comentário: os ex-combatentes ao seu melhor nível. O(s) Bichezas merece (m) todos um complemento de reforma. Chorudo, de preferência. Estavam a defender a Pátria, com os conhecimentos que tinham, ou seja, a gente fugia. Os Bichezas de hoje continuam a atirar morteiradas para o ar. Só que a gente não foge. Não pode fugir. Senão fugia. Nem todos temos uma parte sã que nos permita continuar a funcionar. Não somos filhos de família. Apesar de tudo, não aparecemos na consulta.

ALA: Ao mesmo tempo, havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
ALA: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting,coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?


Comentário: Pois é, mas agora já nem todos sentimos o Benfica da mesma forma e já faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube. O Benfica já não é, de facto, o melhor protector da guerra. De qualquer guerra. Aliás, o Benfica está cada vez mais cheio de capitães e alferes mais bem nascidos. E de bichezas também.

V: Não vou pôr isso na entrevista...
ALA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio doBenfica?


Comentário: É, de facto, a única coisa que não faz sentido. Até porque quando isso acontecer o País será todo Benfiquista e isso é que não faz sentido

Escherichia Coli.

Novo colaborador.

É com muito gosto que o Canal do Esgoto aceita colaboração. Ser (só) o esgoto a cagar merda para ele próprio nem faz sentido nehum... Outros que se abram também!
Sendo assim, o próximo post será uma contribuição do Escherichia Coli, nome geralmente ligado a estas merdas. A ele muito obrigado e cague sempre!

Sugestão de leitura II.


Para os menos dotados intelectualmente, este pequeno livro talvez contribua para perceberem de uma vez por todas porque é que o cinema nacional é uma bosta. Aqui fica a sugestão.

Sugestão de leitura I.


Para fazer uma pausa nesta vertigem política, nada melhor que uma leitura leve, descontraída, erudita até. Muitos nomes da cultura portuguesa deram a sua pequena contribuição. A ter na mesa-de-cabeçeira.